A Justiça Federal no Ceará (JFCE) promoveu um treinamento inédito de Liderança Feminina, parte do projeto FLIF (Fortalecendo Lideranças Femininas), que também inclui ações de mentoria e intraempreendedorismo. A iniciativa está alinhada com a Resolução nº 255/2018 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que institui a Política Nacional de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário, destacando-se como um marco relevante para o fortalecimento das mulheres em cargos de liderança no serviço público e no judiciário.
Durante a sua fala na abertura do treinamento, a juíza federal Gisele Chaves Sampaio Alcântara, segunda mulher a ocupar a direção do foro da JFCE, destacou a alegria e o entusiasmo em ver o projeto FLIF alcançar as mulheres gestoras da instituição. Segundo ela, este é um momento de quebra de paradigmas que marca uma transformação significativa dentro da JFCE.
A abertura do evento foi marcada pela palestra da desembargadora federal Germana de Oliveira Moraes, que trouxe uma abordagem que vai além da visão holística, utilizando o conceito de “holonismo”. Em sua apresentação, ela explorou a liderança feminina sob a perspectiva da física quântica, da neurociência e da filosofia, abordando também aspectos históricos do feminino. Sua fala destacou a importância de uma visão integrada e inovadora para o fortalecimento das mulheres no judiciário.
No segundo dia, a professora doutora Ana Paula Araújo, da Universidade de Fortaleza, participou de um bate-papo com a diretora do foro, compartilhando experiências pessoais e trajetórias de carreira, enfatizando a importância de abrir caminhos e fortalecer a participação feminina.
SOBRE A CAPACITAÇÃO – Com carga horária de 20 horas, o treinamento aconteceu entre os dias 2 e 4 de setembro e reuniu cerca de 30 lideranças femininas da JFCE, englobando áreas administrativas e judiciais. O curso foi ministrado por Raquel Rolim, diretora da secretaria administrativa há 10 anos na JFCE, e pela psicóloga Katiuscia Azevedo. Especialmente desenvolvido para fomentar a autonomia emocional, a liderança eficaz e a saúde mental, o treinamento proporcionou uma jornada de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, abordando temas essenciais para a realidade feminina no contexto profissional e pessoal.
O programa visou promover a liderança feminina, oferecendo ferramentas para gerenciar a saúde mental e enfrentar síndromes comuns que afetam mulheres em posições de liderança, como a autossabotagem. As participantes tiveram a oportunidade de explorar a compreensão das emoções, superar desafios internos e construir uma mentalidade resiliente e positiva, estabelecendo segurança psicológica no ambiente de trabalho.
Raquel Rolim comentou sobre a importância do curso: “Foi uma honra poder contribuir como uma das instrutoras do curso de Lideranças Femininas na Justiça Federal. Este curso teve como objetivo não só atender à Resolução nº 255/2018 do CNJ, mas também às recomendações da auditoria sobre a Política Nacional de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário, que ocorreu entre os meses de maio e julho de 2024. Abordamos temas fundamentais como Liderança sob uma perspectiva de gênero, Autoconhecimento como ferramenta de desenvolvimento para a liderança, Saúde Mental e o papel crucial da Comunicação Não-Violenta nas práticas de gestão. Acredito que esses conhecimentos são essenciais para fortalecer a atuação das mulheres em posições de liderança, promovendo um ambiente de trabalho mais inclusivo, saudável e eficiente”.
Poliana Costa Lima, uma das servidoras participantes, avaliou o curso como transformador: “A liderança feminina deve empoderar outras mulheres, promover a colaboração e criar ambientes onde todas e todos se sintam valorizados e motivados a dar o seu melhor. A jornada intensa do curso de Liderança Feminina reforçou a importância de sermos empáticas, solidárias e resilientes, e acima de tudo, promovermos estratégias para o empoderamento das mulheres em nossa trajetória pessoal e como servidoras públicas em espaços predominantemente masculinos”.
RECONHECIMENTO – A iniciativa liderada pela juíza federal Gisele Chaves Sampaio Alcântara foi premiada na categoria de “Boas práticas de equidade de gênero no Poder Judiciário” do Prêmio Margaridas em 2024, consolidando o compromisso da JFCE com a equidade de gênero e o fortalecimento das lideranças femininas.