“O judiciário vive um momento de uma cobrança forte e legítima por celeridade e números, mas é preciso enfrentar esse desafio sem deixar de lado a perspectiva do humanismo em nossas decisões”. A frase do Diretor do Foro da JFCE, Juiz Federal Leonardo Resende Martins, abriu os discursos que levaram magistrados, servidores, estudantes e demais convidados a refletirem sobre “Humanização do Sistema Jurisdicional”, em Seminário promovido pela Justiça Federal no Ceará, nessa quinta-feira, 21/03.
O Seminário teve início com a palestra “A ética como instrumento de humanização do sistema jurisdicional”, ministrada pelo professor doutor Regenaldo da Costa (Universidade Federal do Ceará). Ele iniciou os debates, destacando que o ser humano é um projeto em constante evolução, e um de seus desafios seria humanizar-se, tornando-se virtuoso, voltado ao bem e à justiça. “Da mesma forma que o homem, as relações e as instituições formadas por ele devem humanizar-se”, salientou Regenaldo Costa.
Processo e Sentença – definições humanistas
O Juiz Federal Mário Azevedo Jambo (Justiça Federal do Rio Grande do Norte), um dos convidados para ministrar palestra no Seminário, trouxe à plateia momentos emocionantes e inesquecíveis de histórias bem sucedidas, enquanto magistrado de uma vara federal criminal. Na prática, o Juiz Federal Mário Jambo descreveu algumas experiências, onde a relação justiça x réu foi conduzida por atitudes nem sempre postadas nas tradicionais relações jurídicas, mas na postura humanista do Juiz.
Assim é que o magistrado federal definiu o Processo como um drama humano, que não tem números, mas olhos, esperanças, contradições e o tempo: “Para eu solucionar um drama humano tenho que ter tempo. Estamos confundindo tempo com pressa. Tempo nos leva à reflexão”, enfatizou Mário Jambo. Em busca de uma definição para a Sentença, o magistrado afirmou que se trata de um ato de amor, que na maioria das vezes, tende amenizar o drama humano. E concluiu: “Justiça é um ato de amor.”
Segundo ainda o Juiz Federal a burocratização do segmento judicial muitas vezes provoca uma intervenção tardia do judiciário.
Literatura, Humanização e Justiça
Ser poeta e ser juiz
O que há de estranho nisso,
Pra quem tem o compromisso
De ouvir a parte o que diz?
Que vê o olhar feliz
De quem ganhou a questão
E tem a satisfaçãoDe sentir que fez Justiça
Reparando a injustiça
Que atingiu o cidadão?
(Poesia e magistratura)
Um momento de especial interesse no Seminário foi a apresentação do livro “Contos, crônicas e cordéis”, de autoria do Juiz Federal Marcos Mairton da Silva.“Na medida em que nos damos à literatura e menos aos textos técnicos aumenta a nossa capacidade de nos humanizarmos”, comentou o magistrado federal quando falou sobre o tema “Literatura, Humanização e Justiça”.
A apresentação do livro escrito pelo magistrado federal foi feita pelo Diretor do Foro da JFCE, Juiz Federal Leonardo Resende Martins.