Cinqüenta juízes federais aposentados, de diversas regiões do Brasil, participaram, nos últimos dias 16 e 17 de junho, do “I Encontro Nacional de Juízes Aposentados”. O evento, promovido pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE), foi realizado no Hotel Vila Galé, na Praia do Futuro, e contou com a presença do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), César Asfor Rocha.
O encontro discutiu a qualidade de vida após a aposentadoria e foi palco de debates acalorados sobre questões que assolam o judiciário hoje. Afinal, a maioria dos participantes continua atuando nos tribunais, mas agora no papel de advogado. “Não podemos conjugar apenas verbos no passado”, ressaltou o ex-presidente do STJ, Paulo Costa Leite. “É preciso fazer bem o que fazemos agora e só assim nos projetaremos para o futuro”, completou.
A união na luta pelos direitos dos aposentados como forma de prestar um serviço permanente para a sociedade também entrou em pauta no evento. “Temos a missão de construir o caminho para os aposentados de amanhã”, destacou o diretor para assuntos de interesse dos aposentados da AJUFE, Luiz Airton de Carvalho. Segundo ele, é essencial que se unam esforços para a criação de um ‘estatuto do aposentado’.
Reencontro de uma geração
O evento foi ponto de encontro e oportunidade de troca de experiências de juízes aposentados de todas as partes do País. “Esses juízes são de ‘tempos heróicos’, pois mesmo com poucos companheiros e uma estrutura deficiente, firmaram e construíram a Justiça Federal que temos hoje”, reconheceu o presidente da AJUFE, Jorge Maurique.
“É uma excelente troca de idéias entre amigos que conquistamos na nossa profissão ao longo dos anos”, confirmou o juiz aposentado há oito anos, Pedro Paulo Castelo Branco. Ele enfatizou a importância de se fazer ativo e continuar aprendendo e repassando conhecimentos mesmo depois da aposentadoria. “Hoje sou professor da Universidade de Brasília e montei um escritório com os meus filhos que também são advogados”.
Foco no judiciário de hoje
O Conselho Nacional de Justiça foi uma das questões debatidas no evento e um dos pontos que compuseram uma carta redigida ao final das atividades. O documento será divulgado no site da AJUFE (www.ajufe.org.br). “Fui um dos críticos da Reforma do Judiciário, mas sua constitucionalidade já é matéria superada pelo Supremo Tribunal Federal”, afirmou o ministro do STJ, César Asfor, em entrevista concedida a esta assessoria. Segundo ele, temos que perceber que tivemos sorte na composição do conselho nesta fase de implantação, pois temos dois homens admiráveis nas principais posições. “O presidente do CNJ, ministro Nelson Jobim, certamente conduzirá o órgão pelos melhores caminhos, conjuntamente com o corregedor, ministro Pádua Ribeiro, um homem aplicadíssimo e de larguíssima experiência”.
Na oportunidade o ministro elogiou a iniciativa da criação da “Cidade Judiciária”, projeto apresentado pelos juízes federais da Seção Judiciária do Ceará, que pretende unir em um mesmo espaço físico, diversos órgão que atuam conjuntamente com a Justiça Federal. “É uma proposta audaciosa, mas factível de ser executada”, admitiu o ministro. Ele garantiu que está unindo esforços como o presidente do STJ, ministro Édson Vidigal, para superar obstáculos burocráticos e administrativos na execução do projeto. “A Cidade Judiciária facilitará a vida do cidadão e do advogado”, avaliou.